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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Duas Horas de Avião

Trocamos um olhar de cumplicidade. Estava deitado no ombro dela, minha mão sobre seu plexo solar. Seus lábios contra minha testa, terminando uma pequena mordidinha. Tínhamos rido pelos pescoços um pouquinho desconfortáveis por ter dado um beijo carinhoso, mas meio torto. Eu tinha deitado em seu ombro assim que ela esticara suas costas na cama.
Ela acordara sozinha, não quis mexer nenhum milímetro da posição dela. Cochilara deitada em cima de mim, sua cabeça repousando contra meu peito, uma de suas mãos ainda tocava meus lábios, a outra relaxara, em um arranhão que não se completara, junto à minha cintura. Suas coxas pressionavam leve meu tronco, e suas panturrilhas, minha bacia, num toque que não permitia-me relaxar o suficiente para que a nossa conexão se desfizesse.
Ela deitara a cabeça depois de morder minha clavícula. Rechaçou minha mão quando tentei tocar seu rosto, enquanto ela ainda estava apenas curvada para frente, suas mãos apoiadas em meu peito. Havia abaixado a cabeça, escondendo seu rosto, relaxando as costas que estavam forçadas para trás, o queixo apontando para o teto, suas unhas cravadas nas minhas coxas.
Eu havia acabado de esticar as pernas e deitado a cabeça no travesseiro. Tentei controlar a respiração para não perder de vista cada movimento seu: ela havia esticado as costas, enquanto pressionava os dedos no meu rosto, arranhando-o de leve e sem perceber, enquanto ofegava pesado. Beijando meu pescoço, ela nos colocou em conexão, enquanto eu puxava seus cabelos na nuca e arrastava a mão em suas costas, da bacia às omoplatas.
Caímos sem que nossos corpos desencostassem um do outro. Meu corpo havia tombado em sua cama, desestabilizado de seu equilíbrio ante o peso que ela exerceu propositalmente contra mim. Entramos em seu quarto sem que eu tivesse registrado qualquer coisa em sua casa. Nossas bocas não se desligaram desde o primeiro toque. Ela mordeu meu lábio ao ouvir o som do baque, prevendo meu gemido de dor. Havia topado com o perônio contra provavelmente uma mesinha de centro.
Ela me puxava, andando de costas, os braços em torno do meu corpo, suas mãos desvendando meu corpo por baixo da minha camiseta. Meu peito foi arranhado por cima da camiseta. Seu olhar parecia tentar ler a minha alma e meus pensamentos através dos meus olhos. Ela mordeu meus lábios, no canto da boca, com um pouco forte demais. Suas unhas arranharam forte a minha nuca, enquanto ela pressionava, a boca fechada, seus lábios contra os meus, nossos narizes pressionados um contra o outro que mal me deixava respirar.
Me puxara com força para ela, sua mão segurando firme a gola da minha camiseta. Seu rosto se iluminou em um sorriso sacana, que nascera transparecendo uma felicidade quase inocente logo depois de seus olhos escanearem meu rosto. Parada ao umbral, ela estava linda naquela roupa largada, confortável, de ficar em casa. Ela havia aberto a porta, sem qualquer interesse, pouco tempo depois que toquei sua campainha. Agora, deitado em seu ombro, com a maça do rosto contra seu busto, eu olhei para seu rosto.
Ela sentiu meu movimento, e virou a cabeça na minha direção. Sorriu. “Eu nem cheguei a te cumprimentar, né?! É um prazer te conhecer, moço”.

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