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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Balanço Pós Final de Semana do Amigo

Alô você, amiga, que tem um namorado que diz-se apaixonado por qualquer colega de trabalho que olha em sua direção, e espalha geral que é recíproco porque ela lhe dá bom dia.
Alô você, amigo, que foi demitido e ganhou um abraço e um beijo daquele pessoal que sempre te chamou de insuportável pelas costas e de fedorento pela cor da tua pele.
Alô você, amiga, que tem um namorado tão, mas tão legal que, mesmo tendo sido a primeira dele, não consegue não traí-lo com a desculpa de querer viver tudo e intensamente.
Alô você, amigo, que está casado à tanto tempo que esqueceu de que tua esposa não é parte de ti, que precisa ser valorizada pelos valores dela e não os teus.
Alô você, amiga, que já não sabe em qual dos subordinados e colegas de trabalho confiar, já que é só tu virar as costas e já começam as perguntas e as respostas sem qualquer esforço.
Alô você, amigo, que se faz de engraçado, mas é cínico e vive só esperando para dar o bote, jogar com toda a informação que consegue pelas costas de quem te considerara.
Alô você, amiga, que fala de todo teu círculo social pelas costas, e ainda quer ficar braba quando um deles vai conversar com alguém que tu repudia.
Alô você, amigo, que fuma maconha e é à favor da legalização, mas já está a quase 10 anos na faculdade, em uma universidade paga e cara.
Alô você, amiga, que tem nobreza financeira e pobreza mental e espiritual, que acha o máximo postar fotos de viagem internacional com legenda em inglês onde tu aparece sozinha.
Alô você, amigo, que lutou pelo amor daquela menina, que lutou para provar à ela o quão linda era mesmo sem o braço, que lutou para não perdê-la e que luta todo o dia por tê-la perdido para Deus.
Alô você, amiga, que acha que Rock é preconceito contra todo e qualquer outro tipo de música, de ideologia, de filme, de literatura, de ciência e de qualquer outra coisa que tu não gosta.
Alô você, querido amigo!
Alô você, querida amiga!
Alô você, que enche a boca para dizer que eu sou o errado, que eu sou o retardado, que eu sou o imbecil.
Alô você, que está rodeado de pessoas que não pode confiar, que se joga em covil de cobras e que as cria e alimenta, que não é confiável e que é uma cobra criada, que procura um jeito de se beneficiar de cada instante mesmo quando só lhe ofereciam um sorriso, que mente, ilude e engana, que é fútil, raso, superficial e se sente superior, que conhece a Europa e ignora o porque alguém sente saudades de ti ou te vira as costas, que come ovo cozido e arrota pato ao molho branco, que vive de aparências, que esconde segredos de ti mesmo, que acredita que um bom amigo é sempre o pior inimigo.
Alô você! Alô você!

Os Barcos

"E você diz que tudo terminou, mas qualquer um pode ver: só terminou pra você". Tudo bem, eu sei; de fato nunca tivemos nada. Mas realmente nunca fomos nada um para o outro? Nunca significamos nada? Não fizemos diferença na vida um do outro? Absolutamente nenhuma?
E eu sei bem que a gente só lembra do que nunca aconteceu. Por isso eu lembro de tanta coisa? Nós não vivemos nada, é por isso que eu lembro de ti? São apenas conversas que nunca tivemos? Noites em claro que nunca passamos? Juras nunca proferidas? Promessas de vida que nunca, se quer, sonharam em nascer?
Pô! Em que mundo insensível tu vive? Que descrença, que desamor é esse? Às vezes eu queria que tu olhasse nos meus olhos e me dissesse que nunca foi nada. Às vezes tudo que eu quero é ver a indiferença nos teus olhos, a inexistência de tudo que eu acho que nos existiu. Às vezes eu quero ter a certeza de que tu nunca pensou em mim, no escuro, com outro. Às vezes, tudo que eu queria era nunca ter te conhecido. Nunca ter cruzado com teus olhos baixos e tua maquiagem gótica, teu instinto suicida, tua submissão sexual e tua ingenuidade afetiva.
Não quero mais saber tanto sobre ti! Não me interessa mais tua mãe ter atrasado um ano da tua entrada na escola, querendo que tu acompanhasse teu irmão. Não me interessa sobre tua lista imensa de namorados mais velhos, nem sobre o fato de tu tê-los repudiados por vezes e, no fim, ficado com eles. Não me interessa a vida dupla que tu viveu. Não me interessa se tu acha sexy ficar só de saia, nem sobre o que tu faz sem vontade só pra ver a "nossa" cara.
Eu te disse já, e continuo dizendo: tu é nojenta, asquerosa e burra! E eu, um estúpido, ciumento, apaixonado, que só queria que cada coisa que tu me contou acontecesse entre nós dois. Porque, me diz, porque?, tu não podia ter ficado no teu mundinho, isolada da realidade, sofrendo da tua depressão e cortando teus pulsos? Porque tinha que ter cruzado teu caminho com o meu?, te aproximado, me procurado, me buscado, me levado para tua inexistência de treva, desgosto e desilusão? Porque me aceitaste de volta só para me dar mais uma prova do teu universo?, porque nem com a distância do raio do mundo nos separando, tua influencia me foi forte a ponto de eu te buscar, te procurar, te encontrar, e me perder, me foder novamente nos braços do inferno da tua essência que não me permite viver, existir ou ao menos empurrar com a barriga um dia de cada vez sem pensar por um segundo ao menos em ti.
Eu vivo assim, como um zumbi procurando momentos de afeto quiméricos que não existem sem ti... quem não existem sem a imagem, tão utópica quanto, que fiz de ti. Te imagino para mim: os cabelos negros sedosos contra meu rosto; o cheiro tão próprio teu, extraído diretamente do teu pescoço; o toque quente da tua boca contra minha têmpora; a pressão dos teus braços, das tuas mãos, contra minhas costelas, minhas costas.
Foi assim que eu vi o amor, e ainda o vejo. Não era, e ainda não é de verdade. Mas foi bom, sempre. E foi horrível. Foi feliz, e doloroso. Foi os dois extremos de tudo. Agora não é mais. É apenas um lado. O ruim. O medo, a incerteza, a insegurança, a vontade inalcançável, o sonho irrealizável. E a vontade absurda de morrer para não sentir mais esse músculo inútil pulsando sem que tu possa sentir, sem que tu possa ouvir, já que ele pulsa por ti, mas nunca para ti. A vontade imensa de morrer para que essa gosma aquosa não mais veja a tua imagem toda vez que fecho os olhos, para que não mais crie sonhos contigo enquanto durmo, para que não me traga lembranças da tua voz e do teu sorriso.
Mas o que eu vejo não existe, o que eu quero não existe, o que eu lembro não existiu. O mundo que eu criei é resultado de uma esquizofrenia, uma doença mental que me consome e desfaz a minha saúde física, uma doença cardíaca que me destrói, me desfaz, me rasga por dentro em picos de falsa adrenalina e falsa endorfina, que me dói, que sangra e me comprime contra uma realidade que só magoa por não ser a realidade que eu quero. Ou apenas por ser, de fato, realidade.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um Abraço, um Beijo e Meia-dúzia de Palavras Soltas

Sabe, eu ainda sinto a tua falta. E nós não nos falamos à quanto tempo? Três?!, seis?!, quinze anos?! Já meio que perdi a conta; o tempo parece que já não passa: é como se eu tivesse quinze/dezesseis anos ainda, e que só hoje eu não te vi, só hoje não nos falamos, que amanhã conversaremos como fazemos todos os dias quase sem exceção.
Mas não é assim, não é?! Não nos falamos ontem e não nos falaremos amanhã. Então porque, será que tu saberia me explicar?, porque eu simplesmente não consigo esquecer? Não consigo deixar para trás, no passado, como talvez tu tenha feito? Porque eu ainda penso tanto em ti, todo o dia, toda a noite, exatamente como pensava naquela época?!
Daquela época, eu só tenho meu allstar preto de cano alto. Minhas roupas já não são mais as mesmas. Meu rosto também não. Meu cabelo, então, nem se fala... mas eu tenho deixado ele crescer só porque tu gosta. Será que tu ainda tem aquele cachorrinho – como era o nome mesmo? Tobbie? Tuddy? E o teu cabelão comprido e preto?
Tá, eu sei que tu queria que o Vaticano fosse explodido por uma bomba de antimatéria, mas é inevitável: eu rezo por ti toda a noite, e desejo que os anjos te protejam, já que eu não posso. Sabe, eu me pergunto se tu ainda acha que eu te odeio, se tu acha que eu realmente sinto nojo de ti... Na verdade, eu tinha ciúmes. Muito! Te queria só pra mim, então me fazia de bobo e reclamava de cada passo que tu dava.
Tu me disse que tinha aprendido muito comigo, que eu tinha te salvado do suicídio. Mas seria possível? Eu era tão bobo, tão ingênuo, tão imaturo. Tão... tão eu... Hoje eu trabalho, e, bom, ainda estudo. Acho que essas coisas não vão mudar tão cedo: acho que vou trabalhar e estudar a vida toda. Só espero que, logo, eu possa estar ganhando para estudar. Mas um assunto de cada vez; não quero falar de mim, queria mesmo era saber de ti. Minha vida é um saco desde que tu foi embora, então não tem muito o que ser dito.
Queria um abraço teu, e ouvir de novo a tua voz. Será possível um dia? Duvido muito, depois de todo esse tempo... Tu já deve estar morando fora do país, do outro lado do mundo: uma vida bem estruturada, família e carreira. Eu não tenho nada: para indigente falta pouco. Pior que é verdade, eu trabalho para estudar e estudo para trabalhar. Um ciclo vicioso inquebrável e indestrutível. Só tenho meu trabalho, meu curso e meu allstar surrado. E muita, muita saudade.
Algumas vezes me odeio por ter feito a escolha errada. Outras vezes quero te crer que a escolha foi tua. Às vezes acho que nunca tivemos escolhas de nada. Nunca podemos escolher qualquer coisa diferente do que, no geral, estamos vivendo. Camas separadas, quartos separados, vidas separadas. Será que tu ainda pensa em mim, Guria? Te lembra como eu te chamava? Te pergunta o que teria acontecido se tivéssemos nos unido, e não dividido?
Eu ainda lembro de ti toda a vez que escuto Nando Reis. E quase morro de rir quando ouço Fresno, porque eu lembro de ti, no Pop Rock – era esse o nome?! - gritando enlouquecida, chamando o vocalista de gostoso. Eu ainda lembro de ti me explicando o que querem dizer as letras do Skank. É inevitável o sorriso quando lembro das tuas amigas dizendo que tu tinha que gostar das mesmas coisas que eu ouvia.
Poxa, eu lembro de ti até quando eu espirro. Por falar nisso, como vai a tireoide? De qualquer forma, acho que sempre que eu mostrar a língua vou te ouvir dizendo que quem mostra a língua pode beijar. E vou ser obrigado a rir de como tu é boba. Ou era... Eu continuo bobo como outrora. E tu?
Eu tenho medo, sabe, a cada dia que passa. Tenho medo que algo te aconteça e eu nunca fique sabendo. Aff, tenho medo que tu morra e eu continue te esperando voltar pra mim. Tenho medo dessa eterna solidão, sem nunca ter sido feliz ao teu lado e, um belo dia, nunca mais ter realmente esta chance. Não tenho medo de morrer sozinho, desde que tu saiba o quanto tu significou pra mim. Tenho medo é de que tu morra sem sabê-lo.
Eu só queria saber como tu tá. Precisava disso para dormir tranquilo. Queria notícias, vez ou outra... Mas duvido que seja possível. Duvido...