Pesquisar

domingo, 16 de novembro de 2014

Prefácio

Escrevas, tchê, escrevas mais
Tens um livro à completar
Sei que rimas são chatas, mas
Por ora, é tudo o que há

Começou, termine, rapaz
Nada disso de deixar pra lá
Tu sabes que és bem capaz
Então, levanta-te e vá

Chore, sempre que precisar
Não sorria, se sentir, tanto faz
Só mantenha-te, não pare de andar

Força, encontre alguma paz
E então, cresças, tchê, cresças
Só, mantenha-te, pra começar.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Felicidade e esperança

Há certas perguntas que não se precisa pensar para responder...
As pessoas me perguntam se eu sou feliz. Prontamente respondo: não. Então me perguntam sobre meus sonhos, ou se tenho esperança no futuro. Novamente: não. Imagina que sem sal um poeta feliz e esperançoso? O que mais ele conseguiria escrever além de idolatrias a um mar de rosas?
De qualquer forma, eu não gosto muito de coisas que me são impostas... E felicidade e esperança são imposições. Na melhor das hipóteses, imposições sociais. Na pior, autoimposições.
Vivemos numa sociedade ditatorial. Dentre tantos insuportáveis padrões dos quais não podemos fugir, nos deparamos, de maneira ou outra – e sem qualquer chance de escapatória –, com a ditadura da felicidade e com a ditadura do sucesso. Precisamos ser felizes, estar sempre de bem com a vida, mesmo nos piores momentos. Precisamos ter esperança, sonhar, ansiar e lutar pelo que nos faz e nos fará feliz e/ou por um futuro dourado, mesmo nos piores momentos.
A ironia começa aí: nos piores momentos. Quem é capaz de manter-se feliz ou esperançoso enquanto apanha? Que criatura viva não gritaria, choraria e reclamaria? Afinal, a vida bate. E bate com força. Bate até cairmos. E nós caímos, invariavelmente. Impossível quem nunca caiu.
Assim começa o triste fim da felicidade e da esperança: quando nos deparamos com um muro insuperável nos separando de algum sonho – e nós vamos sim(!) deparar-nos com barreiras intransponíveis frente à alguns desejos –, e não há nada que possamos fazer além de desistir... E não me venha com essa de “quem quer dá um jeito”, “querer é poder”, ou qualquer coisa assim: todo mundo já teve de abrir mão de determinado sonho e/ou desejo, sem chance de realizá-lo em qualquer outro momento da vida.
Nos frustramos, nos sentimos derrotados. E o que dói mais é a sensação de impotência e incapacidade totais. É como se não fôssemos capazes de realizar nada na vida. Cobramo-nos de tudo e mais um pouco. Ditadura do sucesso autoimposta...
Para piorar, geralmente há alguém que sabe sobre esse nosso sonho. E ter de confessar que falhamos é simplesmente asqueroso. Nos sentimos humilhados frente à amigos, à familiares... frente ao mundo. Uma placa de “inútil” paira em nossa frente, criando um estigma que nunca mais nos irá abandonar. E as pessoas perguntando, e cobrando, e incentivando... é a ditadura do sucesso socialmente imposta.
Lá vem a cobrança, sempre a cobrança, se dos outros ou nossa própria. Já estamos sem esperança, afinal, investimos valores (não apenas financeiros, mas pessoais, emocionais, físicos etc.), e as pessoas nos vem com palavras “doces” e frases para consoladoras para que não fiquemos tristes. Ditadura da felicidade, então. Nós querendo apenas um abraço, mas as pessoas querem nos ver sorrindo.
“Ah! Mas elas querem nos ver bem!”. Não... Nem sempre. Se temos um machucado, precisamos de cuidados e não que nos obriguem a ignorar a dor. As pessoas querem que caminhemos com o fêmur fraturado para não precisarem nos ajudar. Elas nos impõe a felicidade para que não precisem auxiliar-nos, nunca, na fraqueza e na tristeza...

Desta forma, de que adianta vivermos sob uma pressão tão grande? Que esperança e que felicidade nos traz a obrigação de sermos, sempre, felizes e esperançosos, se não podemos, nunca, sentirmos tudo que vivemos e sermos pessoas reais?

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

I

Por quanto tempo choraste
Depois que me deixaste?
Se é que um dia te importaste
Se é que um dia me amaste

Mas em um segundo
Eu vi meu mundo
Desmoronando fundo
Por teu erro imundo

Depois de tudo, e agora
O que mais me sobra
Nesta maldita hora

Desse frio adeus?
Se levas sonhos meus
Nos braços teus?