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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Esquizofrenia - Capítulo 2 - Parte 1

Valence Town, trazia, em letras garrafais e decorativas, à frente do folhetim promocional.
Valence é uma pequena cidade universitária. E isso (pequena e universitária), neste caso, é uma grande controvérsia... por mais que seja verdade: a cidade possui duas escolas, uma particular e uma “pública”, e ambas disponibilizam cursos superiores.
Em suma, Valence era uma cidade autossuficiente. Por um lado, era capaz de receber gente nova a cada novo semestre e abrigá-los ao longo de 4 ou 5 anos. Por outro, nunca crescia; Era destinada à ser uma cidade pequena para sempre... até porque, seu território é marcado por altos muros cercando-a ao sul e à leste, por um largo rio à oeste e morros e um denso bosque (um parque florestal com “resquícios” de mata natural) ao norte.
Uma cidadela turística, no final das contas. Uma cidadela pequena demais para tanta coisas que incorporara ao longo dos anos. Coisas bobas, como “universitária” e “turística”, e coisas mais pesadas como... bom, como crimes um tanto quanto desagradáveis em qualquer cidade.
Quase ninguém lembra, e a maioria que se recorda, toma como lenda (merchand) a série de assassinatos ocorridos à mais de cinquenta anos. Na época, a polícia categorizou como obra de psicopatas completamente doentes; o padre, como obra de rituais macabros de veneração ao capeta. Independente do que diga a ciência, mal sabe o padre que ele é o que mais perto chegou da verdade...
Da mesma forma, caiu no esquecimento o incidente de, mais ou menos, dez anos antes. O filho mais velho de Azmaria matara a irmã mais nova; um assassinato brutal. A pobre mulher levou quase três anos até estar apta a trabalhar novamente. Acreditou-se que ela nunca conseguiria reconstruir a vida nunca, mas não foi grande surpresa – nem houve muitos comentários – quando Landau e ela começaram a andar de mãos dadas pelas ruas da cidade.
Landau era o médico de seu filho, fora o psiquiatra de Azmaria durante toda aquela fase difícil, nada mais natural, diziam as pessoas, que ela se apegasse a ele para reerguer-se do fosse que aquele garoto do Rubro a enfiara. Pouco também fora a repercussão na imagem de Landau: sua vida era imaculada, sua índole intocada, e ele – que saíra de Valence apenas para suas formações acadêmicas – era uma das pessoas mais influentes na pequena cidade.
Mas, nunca, nada, realmente, em Valence, voltou a ser, nem mesmo próximo, como era antes. E talvez, só assim, ao menos uma vez, em Valence, a coisa se encaminhasse para aquilo que se considera normalidade...

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