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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Esquizofrenia - Capítulo 1 - Parte 4

Landau está sentado à sua escrivaninha, a cadeira levemente de lado fazendo seu joelho esquerdo roçar nas gavetas da direita. As costas jogadas para trás, forçando o encosto macio, mas o pescoço levemente jogado para frente. Analisa alguns papéis, erguendo-os com as duas mãos à altura dos olhos.
Um estalo se faz e a porta range. O médico se vira em direção ao umbral e sorri ao menino que entra na sala.

Landau: Bom dia, William. Que prazer revê-lo! Como tem passado?
William: Bom dia, doutor.

Landau se levanta, suspira a e dá a volta na escrivaninha. De frente para William, o médico senta sobre a mesa.

Landau: Sabes por que estás aqui, não?
William [olhar de desafio]: Aqui, onde, doutor? Aqui na sua sala, aqui no hospital?… Aqui no mundo?!
Landau [sorriso amarelo]: Aqui, William, no hospital.
William: As enfermeiras dizem que é pra eu ficar bom, mas não sei do que. Eu tô ótimo! Só não tô melhor porque tou preso aqui dentro.
Landau: Preso aqui, onde? [sorriso maroto]

William sorri e fica visível e inconscientemente mais relaxado.

Landau: William, tu sabes, de verdade, o porque estás aqui, não sabe?
William [olhando para as mãos, torce a boca]: Porque a Isa tá muito machucada, e tão achando que fui eu. Só que não fui eu, eu nunca faria aquilo, e...
Landau: E?!
William: Eu-eu... eu não me lembro, não consigo lembrar de nada.
Landau: Exato! Mas nós precisamos que tu te lembres. Pode ser importante, pode revelar quem fez aquilo.
William: Ma-mas... como? Como que eu vou lembrar?
Landau: Eu estava pensando em hipnotizar-te. Assim seria mais fácil de reviver...
William [interrompendo ao se levantar, grita]: NÃO! NÃO! POR FAVOR, NÃO!
Landau [se levanta assustado e se aproxima de William]: Calma! O que foi?
William: Não! Não quero reviver aquilo tudo. Não quero! Não, por favor! Tenho medo do que eu esqueci.
Landau: Não, acalme-se. Vamos fazer assim, eu te hipnotizo de leve e vou te pedir um desenho. Um desenho só, tudo bem?

William balança a cabeça afirmativamente, uma lágrima escorrendo por seu rosto.
Landau coloca as mãos sobre as orelhas de William e encosta sua testa na dele. Olha-o fixo nos olhos, e estala alto a língua, uma, duas, três vezes. Não sabe como, mas aquilo sempre funciona. Se afasta e se escora na escrivaninha.
William continua olhando para o ponto em que estavam os olhos do médico.

Landau: Então, William, tu sabes por que estás aqui, não sabe?
William: Sim.
Landau: E qual é o motivo?
William: Isadora está no hospital, quase morta.
Landau: Tu sabes quem fez isto?

William balança a cabeça afirmativamente uma vez. Parece hesitar. Dá de ombros. Uma nova breve hesitação. Nega com a cabeça apenas uma vez.

Landau: Tu não sabes quem foi?!
William: Quem, sim. O que, não.
Landau: Como assim?
William: Foram Eles que a feriram.
Landau: Eles?! Quem são eles?
William: Não "eles", mas Eles.
Landau: Certo... e quem são Eles?

William dá de ombros lentamente.

Landau: Tu não sabes "o que" são Eles, é isso, não?

William afirma com a cabeça.

Landau: E o que tu sabes sobre Eles?
William: Que Eles atendem ao chamado dela...
Landau [tom de voz firme, suspeitando que desta vez seu truque não funcionara]: Dela quem?
William: Da velha. Da "vovó".
Landau: Que vovó?
William: Ísis Blake. Aquela que se diz mãe de minha mãe.

Landau levanta-se impaciente, certo de que aquilo era alguma piada de mal gosto. A mãe de Azmaria estava morta à pelo menos três anos. Caminha até uma geladeira no canto e tira de lá uma das muitas cebolas. Não era nenhum pouco convencional, mas era o único método até então infalível para saber se alguém estava hipnotizado ou não. Se bem que, até então, seu método de hipnose também nunca tinha falhado.
Entrega a cebola à William, dizendo ser uma maçã e mandando-o comer. Observa assustado a ferocidade com que o garoto a come. Convencido, continua.

Landau: Sua avó... ela Os controla?
William: Falei que Eles lhe atendem quando chamados por ela. Ninguém Os pode controlar.
Landau: E o que tu lembras quanto à tua avó? Qual a ultima coisa que lembras dela?

William gesticula como se desenhasse na mão.
Landau lhe entrega uma prancheta e coloca sobre a mesa uma caixa de lápis de cor. Senta-se em sua cadeira. Com os pés sobre a escrivaninha, observa o menino desenhar.

4 comentários:

  1. Pergunta: quem são Eles? sério. Não tenho nem ideia de quem esse menino ta falando. hhaaha Parabéns, erik. Você escreve muito bem. =*

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  2. Poiseh, quem são Eles?! Pra ser bem sincero, nem eu sei direito . . .
    E não tem como ter idéia mesmo, afinal, eu não falei nada sobre isso... AINDA xD
    E vlw xD

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  3. Oi Erik td bom????
    Vc está sumido, oq houve?
    Está de férias? rsrsrsrsrsrs
    Estou com saudades das conversas e Mahy axa q vc não ta entrando pra não falar com ela, pq eu falei com ela uma coisa no msn e ela entendeu outra, como sempre.....
    Até dizer q eu tinha escrito q vc e uma amiga nossa estavam "cansados das mentiras dela" ela falou pra minha amiga.....
    Mas eu não escrevi nada disso, escrevi q eu q estava cansada de mentiras e q vcs tinham ficados xateados com a situação só isso....
    Bem, espero q esteja td bem com vc e sua esposa!
    Um grande bju
    Jennifer Carvalho

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  4. Oi, Jenny xD
    Estou sumido porque mudei de emprego, filha. Não por nada que alguém fez ou falou. Aliás, não algo que vocês duas tenham feito ou falado.
    Vocês sabem que adoro muito vocês duas, as duas, igualmente e de forma diferente, se é que me entendem. Não tenho entrado não pra evitar qualquer uma das duas, mas por estar trabalhando na AtendeBem, e não possuo acesso à net em casa.
    Diga à ela, por favor. E diga, também, que se ela estivesse tão preocupada, tinha me enviado um scrap ou um email. Afinal, fora ela que sumiu primeiro.
    Como te falei uma vez, não me meti nem vou me meter nos problemas de vocês duas. Não sei do que se trata esses conflitos, estou distante demais para qualquer outra coisa além de ouvir versões. Fora que este é meu estilo, sempre aconselhando à uma boa conversa franca, ou várias delas.
    Adoro as duas, como já disse. MUITO, apesar da distância. Só peço que não se esqueçam de mim e que me procurem sempre, seja por email, scrap ou comentário.

    Aliás, aviso que o blog demorará para ser atualizado, infelizmente. Crise criativa, não sei nem direito porque...

    Bjz

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