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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Trecho de "Esquizofrenia"

A luz bruxuleou uma ultima vez, e morreu, ao mesmo tempo que um frio de repente lhe fustigou o rosto. Pelo canto do olho, viu um vulto passar no final do corredor, seguindo o caminho da Milha Verde. Ouviu um arrastar de pés, um baque baixo e um som gutural e extremamente comum, como um nome (Hugo? Raul?) sendo proferido.
Virou-se para a recepção, de costas para a porta (boca) do elevador (faminta) aberta (escancarada). Entre ele e o balcão havia uma enfermeira. Ajoelhada, a mulher vomitava sangue; o som e o cheiro eram terrivelmente nauseantes, embrulhando o estômago sabe-se lá à quanto vazio de Johnny.
Um, dois, três passos hesitantes em direção à moça, desejoso e enojado demais para auxiliá-la. Ela havia parado com os jorros, e ele tinha certeza absoluta de que fizera a mais estúpida pergunta já formulada em uma situação como esta: "moça, tudo bem?". Foi quando seus olhares se cruzaram que tudo começou.
A enfermeira abriu a boca, cheia de sangue, deixando escorrer o líquido rubro pelo uniforme nada limpo. Os olhos tornaram-se vermelhos, e lágrimas rubras escorreram. Uma fenda vertical abriu-se no lábio superior da mulher, forçando seu rosto a uma expressão amplificada de dor e desespero da que já possuía. Levou a mão à boca, como que para tocar o lábio, mas tornou-se uma concha quando baixou a cabeça. Ao levanta-la, a mão estava cheia de dentes, as raízes banhadas em sangue. "Me ajude", ela disse, a voz distorcendo conforme a fenda rasgava seu rosto, subindo pelo nariz. Seu olhar suplicante e desesperado tornou-se vago, vidrado, os olhos se arregalando até saltarem, literalmente, para fora do rosto. Presos, inicialmente, pelos nervos e veias, logo soltaram-se completamente, caindo, um na mão aberta, entre os dentes, o outro se espatifando contra o chão como uma fruta podre (o som que fez ao bater no piso, curto e úmido, Jonathan nunca conseguiria descrever, mas sabia ser capaz de esquece-lo). A fenda subia pela ponte do nariz, a boca retorcendo-se em um último desesperado ato humano. Os maxilares se separaram, forçando os ossos do rosto a se dividirem em direção à fenda, revelando dentes pontiagudos, afiados, alinhados em vertical. O cérebro à mostra; os ossos se realinhando, fechando os buracos dos olhos e da boca humanos; a pele do rosto se repuxando, o nariz, os lábios e as pálpebras se desfazendo em massas amorfas; a epiderme toda arroxeando, apodrecendo levemente, perdendo pedaços e expondo feridas purulentas.
Recuando, Jonathan quase perdeu o equilíbrio quando seu calcanhar encontrou o degrau do elevador (o carro não havia descido, talvez não descesse nunca mais). Jogando um pouco de peso para frente, viu a enfermeira esticar os braços, as mãos de compridas unhas negras em sua direção, e avançar com passos cambaleantes e incrivelmente rápidos.

3 comentários:

  1. MEODELS erik... você me deixa surpreende com essa suas imaginações férteis! uashiuahsiaushiau
    amei o texto, meio confuso, não confuso, mas complexo, não sei dizer, mas show! mt mt show! adorei!! ^^' sempre me deixa nervosa esses seus textos! ;P ahsiuahsaiuhas... te adorooo!
    beijooooooooos! :***
    HASTA! o/

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  2. Talvez isso (não) deixe as coisas mais claras: esse trecho foi retirado de uma história que eu estou (tentando) escrever.
    É pra ser um "survivor horror", tipo um game, sabe, mas tou sentindo que falta um pouco de suspense na coisa. E tou trancado na revisão e reescrita de certos pontos.
    Só que quando postei esse trecho, minha mente ainda não tinha dado lag... =P

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  3. Huahuahuahua!
    Não no trecho, Laís, mas na história em si. É essa que eu tou reescrevendo, e amanhã (mais tardar segunda, eu acho) eu posto, então, o começo dela.
    E sim, depois dessa parte VEM uma perseguição, mas só na hora de revisar eu vou ter certeza de como será...

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