Trocamos
um olhar de cumplicidade. Estava deitado no ombro dela, minha mão
sobre seu plexo solar. Seus lábios contra minha testa, terminando
uma pequena mordidinha. Tínhamos rido pelos pescoços um pouquinho
desconfortáveis por ter dado um beijo carinhoso, mas meio torto. Eu
tinha deitado em seu ombro assim que ela esticara suas costas na
cama.
Ela
acordara sozinha, não quis mexer nenhum milímetro da posição
dela. Cochilara deitada em cima de mim, sua cabeça repousando contra
meu peito, uma de suas mãos ainda tocava meus lábios, a outra
relaxara, em um arranhão que não se completara, junto à minha
cintura. Suas coxas pressionavam leve meu tronco, e suas
panturrilhas, minha bacia, num toque que não permitia-me relaxar o
suficiente para que a nossa conexão se desfizesse.
Ela
deitara a cabeça depois de morder minha clavícula. Rechaçou minha
mão quando tentei tocar seu rosto, enquanto ela ainda estava apenas
curvada para frente, suas mãos apoiadas em meu peito. Havia abaixado
a cabeça, escondendo seu rosto, relaxando as costas que estavam
forçadas para trás, o queixo apontando para o teto, suas unhas
cravadas nas minhas coxas.
Eu
havia acabado de esticar as pernas e deitado a cabeça no
travesseiro. Tentei controlar a respiração para não perder de
vista cada movimento seu: ela havia esticado as costas, enquanto
pressionava os dedos no meu rosto, arranhando-o de leve e sem
perceber, enquanto ofegava pesado. Beijando meu pescoço, ela nos
colocou em conexão, enquanto eu puxava seus cabelos na nuca e
arrastava a mão em suas costas, da bacia às omoplatas.
Caímos
sem que nossos corpos desencostassem um do outro. Meu corpo havia
tombado em sua cama, desestabilizado de seu equilíbrio ante o peso
que ela exerceu propositalmente contra mim. Entramos em seu quarto
sem que eu tivesse registrado qualquer coisa em sua casa. Nossas
bocas não se desligaram desde o primeiro toque. Ela mordeu meu lábio
ao ouvir o som do baque, prevendo meu gemido de dor. Havia topado com
o perônio contra provavelmente uma mesinha de centro.
Ela
me puxava, andando de costas, os braços em torno do meu corpo, suas
mãos desvendando meu corpo por baixo da minha camiseta. Meu peito
foi arranhado por cima da camiseta. Seu olhar parecia tentar ler a
minha alma e meus pensamentos através dos meus olhos. Ela mordeu
meus lábios, no canto da boca, com um pouco forte demais. Suas unhas
arranharam forte a minha nuca, enquanto ela pressionava, a boca
fechada, seus lábios contra os meus, nossos narizes pressionados um
contra o outro que mal me deixava respirar.
Me
puxara com força para ela, sua mão segurando firme a gola da minha
camiseta. Seu rosto se iluminou em um sorriso sacana, que nascera
transparecendo uma felicidade quase inocente logo depois de seus
olhos escanearem meu rosto. Parada ao umbral, ela estava linda
naquela roupa largada, confortável, de ficar em casa. Ela havia
aberto a porta, sem qualquer interesse, pouco tempo depois que toquei
sua campainha. Agora, deitado em seu ombro, com a maça do rosto
contra seu busto, eu olhei para seu rosto.
Ela
sentiu meu movimento, e virou a cabeça na minha direção. Sorriu.
“Eu nem cheguei a te cumprimentar, né?! É um prazer te conhecer,
moço”.
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