Sabe, eu ainda sinto a tua falta. E nós não nos
falamos à quanto tempo? Três?!, seis?!, quinze anos?! Já meio que
perdi a conta; o tempo parece que já não passa: é como se eu
tivesse quinze/dezesseis anos ainda, e que só hoje eu não te vi, só
hoje não nos falamos, que amanhã conversaremos como fazemos todos
os dias quase sem exceção.
Mas não é assim, não é?! Não nos falamos ontem e
não nos falaremos amanhã. Então porque, será que tu saberia me
explicar?, porque eu simplesmente não consigo esquecer? Não consigo
deixar para trás, no passado, como talvez tu tenha feito? Porque eu
ainda penso tanto em ti, todo o dia, toda a noite, exatamente como
pensava naquela época?!
Daquela época, eu só tenho meu allstar preto de cano
alto. Minhas roupas já não são mais as mesmas. Meu rosto também
não. Meu cabelo, então, nem se fala... mas eu tenho deixado ele
crescer só porque tu gosta. Será que tu ainda tem aquele
cachorrinho – como era o nome mesmo? Tobbie? Tuddy? E o teu cabelão
comprido e preto?
Tá, eu sei que tu queria que o Vaticano fosse explodido
por uma bomba de antimatéria, mas é inevitável: eu rezo por ti
toda a noite, e desejo que os anjos te protejam, já que eu não
posso. Sabe, eu me pergunto se tu ainda acha que eu te odeio, se tu
acha que eu realmente sinto nojo de ti... Na verdade, eu tinha
ciúmes. Muito! Te queria só pra mim, então me fazia de bobo e
reclamava de cada passo que tu dava.
Tu me disse que tinha aprendido muito comigo, que eu
tinha te salvado do suicídio. Mas seria possível? Eu era tão bobo,
tão ingênuo, tão imaturo. Tão... tão eu... Hoje eu trabalho, e,
bom, ainda estudo. Acho que essas coisas não vão mudar tão cedo:
acho que vou trabalhar e estudar a vida toda. Só espero que, logo,
eu possa estar ganhando para estudar. Mas um assunto de cada vez; não
quero falar de mim, queria mesmo era saber de ti. Minha vida é um
saco desde que tu foi embora, então não tem muito o que ser dito.
Queria um abraço teu, e ouvir de novo a tua voz. Será
possível um dia? Duvido muito, depois de todo esse tempo... Tu já
deve estar morando fora do país, do outro lado do mundo: uma vida
bem estruturada, família e carreira. Eu não tenho nada: para
indigente falta pouco. Pior que é verdade, eu trabalho para estudar
e estudo para trabalhar. Um ciclo vicioso inquebrável e
indestrutível. Só tenho meu trabalho, meu curso e meu allstar
surrado. E muita, muita saudade.
Algumas vezes me odeio por ter feito a escolha errada.
Outras vezes quero te crer que a escolha foi tua. Às vezes acho que
nunca tivemos escolhas de nada. Nunca podemos escolher qualquer coisa
diferente do que, no geral, estamos vivendo. Camas separadas, quartos
separados, vidas separadas. Será que tu ainda pensa em mim, Guria?
Te lembra como eu te chamava? Te pergunta o que teria acontecido se
tivéssemos nos unido, e não dividido?
Eu ainda lembro de ti toda a vez que escuto Nando Reis.
E quase morro de rir quando ouço Fresno, porque eu lembro de ti, no
Pop Rock – era esse o nome?! - gritando enlouquecida, chamando o
vocalista de gostoso. Eu ainda lembro de ti me explicando o que
querem dizer as letras do Skank. É inevitável o sorriso quando
lembro das tuas amigas dizendo que tu tinha que gostar das mesmas
coisas que eu ouvia.
Poxa, eu lembro de ti até quando eu espirro. Por falar
nisso, como vai a tireoide? De qualquer forma, acho que sempre que eu
mostrar a língua vou te ouvir dizendo que quem mostra a língua pode
beijar. E vou ser obrigado a rir de como tu é boba. Ou era... Eu
continuo bobo como outrora. E tu?
Eu tenho medo, sabe, a cada dia que passa. Tenho medo
que algo te aconteça e eu nunca fique sabendo. Aff, tenho medo que
tu morra e eu continue te esperando voltar pra mim. Tenho medo dessa
eterna solidão, sem nunca ter sido feliz ao teu lado e, um belo dia,
nunca mais ter realmente esta chance. Não tenho medo de morrer
sozinho, desde que tu saiba o quanto tu significou pra mim. Tenho
medo é de que tu morra sem sabê-lo.
Eu só queria saber como tu tá. Precisava disso para
dormir tranquilo. Queria notícias, vez ou outra... Mas duvido que
seja possível. Duvido...
Sinto muito não significar nada para ti... Ter destruído tua vida e só ter te restado a dor e a saudade de outras...
ResponderExcluirNem sempre somos responsáveis pelos nossos atos, mas pra mim não existe passado e nem outras possibilidades. Existe o agora e todas as coisas boas que juntos passamos e construímos... Sinto muito, mas me dói te ver sofrer por ter escolhido ficar comigo...
Eu ainda penso em ti. E tenho saudades! E sim eu leio teu blog.
ResponderExcluirE eu sei q o texto nao é p mim. Mas de qq forma me lembrou da nossa amizade. Saudadea
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