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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

- Me sinto apenas uma gota do teu poço que secou com o sol ao cair do balde enquanto tu retirava água

Estás enganada.
Todas foram apenas água barrenta, que usaram meu poço para se purificarem para os demais baldes que vieram. Tu foi água cristalina, a primeira água pura. Pela primeira vez o balde não era outra pessoa, pela primeira vez o balde era meu, por ser teu também.
Eu menti pra mim mesmo. Queria fugir da realidade, negar os problemas e acreditar que era o que eu merecia. Acho que tu me entende. Ela me usou, me magoou, me agrediu, me traiu. E eu ainda fingi que estava tudo bem.
Em 2010 ela engravidou, e eu saí de casa. Vim pra casa da mãe. Fiz isso por que eu não sabia se o filho era meu. E voltei pra casa por que eu achei que merecia ser corno. Ela sofreu um aborto e correu pra mim, e eu achei que não haveria nada melhor na vida. Achei que eu tinha que dar valor para a caridade que ela estava me fazendo, pois nunca nenhuma outra mulher ia me querer do lado.
Nenhuma das outras 9 meninas tinha querido mais de mim. Ela foi a única que disse ter tesão por mim. Então eu achei que era o que eu merecia. Que se uma namorada de dois anos não quis fazer planos de um futuro comigo, ninguém mais iria querer. Ela teve outro homem enquanto eramos casados. E mesmo com tudo errado no nosso casamento, eu continuei mentindo e negando ajuda, pois achava que era o que eu merecia. Acho que tu me entende.
Quando tu apareceu, eu entendi que merecia mais. Que merecia uma mulher que me amasse de verdade, porque, pela primeira vez na vida, eu tinha uma mulher que me amava. Não um amor construído. Mas um amor de verdade, que só precisaria ser lapidado com o tempo. Eu vi que eu merecia uma mulher que quisesse realmente estar comigo, estar do meu lado. Porque, pela primeira vez na vida havia uma mulher que realmente queria estar ao meu lado. Eu vi que merecia uma família de verdade, porque, pela primeira vez na vida, eu tinha alguém sincero, alguém de verdade do meu lado. Eu vi que merecia ser feliz, porque pela primeira vez na vida eu estava sendo feliz.
Tu nunca foi uma cura para nada. As feridas já estavam cicatrizadas quando ficamos. Tu curou todas as minhas feridas antes do nosso primeiro beijo. E se tu fosse só uma cura, não teria precisado ter ficado contigo.
Mas eu já estava apaixonado pela tua voz. Já tinha te cobiçado quando achei que tu era a namorada do teu primo. E, enquanto tu me curava, eu deixei minha alma seguir meu coração.
Meu coração já estava contigo, mas a alma ainda era minha. Só a deixei ir pra ti quando tive certeza de que eu não precisa de ti. Mas que queria estar contigo. Foi quando tive certeza de que tu não seria um recurso, um remédio para meus machucados. Então me entreguei a ti de vez.
Tu é a pessoa mais doce, mais pura e mais linda que eu já conheci. Não poderia te usar para curar minhas feridas. Não poderia beijar tua boca para apagar outro beijo da minha memória. Quando tu me beijou, era o teu beijo que eu queria. Era por ti que eu ansiava.
Tu não iria me completar, mas me agregar. Se tu me completasse, eu estaria te usando para curar as feridas provocadas pela vida no todo. Fiquei contigo, te pedi em namoro (escondido), quis falar com teu pai e enfrentar a tua mãe por ter certeza de que eu te amava. De que tu tinha tanto a ganhar comigo quanto eu contigo. Que eu não estaria abusando da tua alma limpa.
Tu me curou como amiga. Mas quando nos envolvemos como homem e mulher, desde o primeiro beijo, tu já era o meu mundo. Mas porque eu permiti que o fosse. E só permiti quando eu não era mais um predador nesse mundo, mas parte do teu ecossistema.
Nunca te usei para me curar. Quando tu negou aquele beijo que eu tentei te dar, foi a melhor coisa que tu fez pela gente: ali eu ainda não estava pronto de verdade. Mas quando tu me beijou, eu já estava inteiro de novo. E estava inteiro de novo para que pudéssemos ficar juntos.
Não estou sofrendo agora por medo de ficar sozinho. Não estou sofrendo por estar ferido. Estou sofrendo por perder a mulher da minha vida. Estou sofrendo porque tu está indo embora sem ter deixado uma mísera ferida para eu entender que nosso relacionamento não estava bem. Uma feridinha que fosse para justificar nosso rompimento.
Nosso relacionamento. Eu estava pronto para ele, quando ele começou. E estou sendo empurrado para fora dele me sentindo mais forte ainda para continuá-lo. Nós ficamos, nós namoramos. Foi nosso relacionamento. Não minha cura, mas nosso amor.
Se fosse minha cura, por que eu iria querer enfrentar o mundo para estarmos juntos? Era mais fácil eu ter me calado, desde o começo. Se fosse um paliativo, ficar na rua seria o suficiente. Todos os benefícios que eu precisava, sem nenhum risco para mim. Mas eu estive pronto para ter uma coisa séria contigo, e ainda estou. Tu não é uma cura para minhas feridas, mas a única pessoa com quem eu posso construir o futuro que eu sempre quis. Tu não é uma pessoa qualquer que eu uso para esquecer outras. Tu é o amor da minha vida, e só se ama de verdade uma única vez: e a minha vez foi contigo, e sempre será.
Desculpe escrever tanto. Espero que tenha sido claro e que tu confie nas minhas palavras.


- Não confio em nada do que tu disse, mas isso não importa mais...

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